19/06/2022 09H50

Pista principal do novo aeroporto de Luanda recebe primeiro teste oficial com o olhar voltado no centenário do Presidente António Agostinho Neto

A pista principal do novo Aeroporto Internacional de Luanda, baptizado com o nome de Dr. António Agostinho Neto, como homenagem ao centenário do primeiro Presidente de Angola, recebe, hoje, o voo experimental oficial, numa altura em que o Ministério dos Transportes mantém a aposta de, a curto prazo, terem certificação internacional mais oito aeroportos do país.

Em declarações ao Jornal de Angola e ao Jornal de Economia e Finanças, ambos títulos da empresa Edições Novembro, o ministro dos Transportes, Ricardo d’Abreu, indicou que a questão que preocupa a agenda do Executivo, agora, é todo o processo de certificação de todos os aeroportos nacionais. “Além de Luanda, os principais aeroportos nacionais, são Catumbela (Benguela), Lubango (Huíla), Namibe, Ondjiva (Cunene), Huambo, Cabinda (o futuro aeroporto), Saurimo (Lunda-Norte) e Luena (Moxico)”.

O processo de certificação em curso, que, segundo o ministro, “é aquilo que é nossa primeira preocupação”, vai permitir que todos os aeroportos referidos funcionem num nível de desempenho e de conformidade melhor do que aquilo que hoje ostentam. “O fundamental que hoje vamos procedendo, para a viabilidade de cada uma dessas infra-estruturas, tem a ver, também, com a economia local”, disse Ricardo d’Abreu.

Ou seja, o potencial da economia que cada província tem, conta bastante para que uma infra-estrutura aeroportuária esteja vinculada na rota internacional. Como referiu o ministro dos Transportes, “um aeroporto não vale por si só, vale para servir a economia local” e, por isso, “é que há aqui províncias mais atractivas do que outras, do ponto de vista do tráfego”.

O que o Ministério dos Transportes está a fazer, disse Ricardo d’Abreu, é garantir que, no âmbito da reforma, o próprio sector privado possa envolver-se na alimentação do tráfego. “Temos poucas companhias aéreas a fazer rotas fora do circuito de Luanda e a tentação de grande parte das nossas companhias é vir a Luanda, porque tem volume”. Mas, anteviu o ministro, “há mercados que fazem sentido e há rotas que não têm de ser, necessariamente, a TAAG a fazê-las e exigirmos que a TAAG a faça”.

Ricardo d’Abreu acredita que, numa perspectiva viável, o sector privado pode fazer e deve fazer determinadas rotas, aproveitando as oportunidades que o mercado oferece. Por exemplo, disse, fazer Cabinda/Ondjiva, sem passar por Luanda, Saurimo/Ondjiva, Luena/Huíla, Luena/Namibe, são opções de negócio favoráveis para o sector privado.

E sustenta: “Há coisas que devem ser outras companhias aéreas a tentar promover, mesmo as mais pequenas, com aviões mais pequenos, com aeronaves específicas e fazer a promoção dessa dinâmica. E tudo isso concorre para a viabilidade da infra-estrutura e a própria dinâmica de cada província.”

Com essa característica de reforma, o Ministério dos Transportes quer obrigar que a principal transportadora aérea angolana deixe de onerar o erário. “As reformas que fazemos vão obrigar e obrigam, hoje, que a companhia aérea de bandeira Angola – TAAG tenha de ser uma companhia viável e que não pese o erário”, sublinhou.

Ricardo d’Abreu realçou que, para “deixar de ter peso sobre o erário, há determinado tipo de serviço público que a TAAG presta, que não vai poder prestar” e sejam outros agentes a aproveitar tal oportunidade, já que há rotas que não têm viabilidade para a dimensão de linha da TAAG.

Pista Sul do Aeroporto apta para receber voo experimental

A pista Sul do Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto está apta para receber, hoje, o voo experimental, de acordo com o coordenador do Gabinete de Operações da Infra-Estrutura do Ministério dos Transportes, José Paulo de Nóbrega.

A pista Sul, já concluída, conta com quatro mil metros de comprimento e 60 de largura e a Norte está ainda em fase de construção. José Paulo de Nóbrega fez saber que a aeronave da companhia nacional de bandeira Angolana TAAG, que intervém no primeiro ensaio, é o Boeing 777, que levanta voo no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro para, em 13 minutos, aterrar no Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto.

O coordenador do Gabinete de Operações da Infra-Estrutura do Ministério dos Transportes informou que estão acautelados os protocolos de segurança para esse voo experimental e tudo deve passar pela entrada em cena da Torre de Controlo do novo aeroporto. As obras do novo aeroporto já estão acima dos 63 por cento de execução física e acredita-se que a infra-estrutura seja entregue no primeiro trimestre de 2023. “Falta concluir parte do terminal de passageiros e a pista Norte, o que vai permitir receber mais de 15 milhões de passageiros, anualmente”, referiu.

O novo aeroporto de Luanda pode movimentar, anualmente, 50 mil toneladas de carga diversa e está dimensionado para receber aeronaves do tipo Boeing 747 e Airbus 380, actualmente o maior avião comercial.

José Paulo de Nóbrega explicou que o novo aeroporto de Luanda, que ocupa uma área de 1.324 hectares, terá vários serviços, como hotéis, transporte ferroviário, postos da Administração Geral Tributária (AGT), Serviço de Protecção Civil e Bombeiros e, entre outros, um parque de automóveis com capacidade para mil viaturas.

As obras de finalização da infra-estrutura, lembrou, estão dentro do orçamento previsto, que ronda 3,4 mil milhões de dólares.

O lançamento da primeira pedra para construção do Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto foi realizado em 2015 e há previsões de efectivação do primeiro voo de passageiros em finais de 2023, após a conclusão do processo de certificação.

Está ainda prevista a construção, de raiz, de uma cidade aeroportuária, numa área de 75 quilómetros quadrados.

Por: Armando Estrela.

Revista Destemidos.