23/06/2022 00H21

A Polícia Federal brasileira realiza hoje uma operação para investigar a alegada prática de tráfico de influência e corrupção para a atribuição de recursos públicos no Ministério da Educação num caso que envolve um ex-ministro e pastores evangélicos.

Segundo informações dos ‘media’ brasileiros, o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e os pastores evangélicos Gilmar Santos e Arilton Moura são alvo de mandados de prisão. De acordo com a Folha de São Paulo, Milton Ribeiro e Gilmar Santos – ambos estreitamente ligados a Jair Bolsonaro – já foram efetivamente detidos.

Numa nota, sem identificar os alvos dos mandados, a Polícia Federal brasileira informa que a operação, denominada Acesso Pago está a ser realizada “com base em documentos, depoimentos e Relatório Final da Investigação Preliminar Sumária da Controladoria-Geral da União, reunidos em inquérito policial, foram identificados possíveis indícios de prática criminosa para a liberação das verbas públicas”.

A investigação começou depois de o jornal O Estado de S. Paulo ter divulgado em Março informações de que os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura estariam alegadamente a intermediar pedidos de prefeitos para atribuição de verbas públicas do Ministério da Educação em troca de subornos, com a anuência do ex-ministro.

As acusações contra os pastores evangélicos e membros do Governo brasileiro, que terão agido em conjunto para alegadamente favorecer igrejas, tornaram-se um escândalo no Brasil após a revelação de um áudio em que Milton Ribeiro, que também é pastor evangélico presbiteriano, assegurou que o orçamento público da pasta que comandava teria entre as suas prioridades promover projectos de igrejas evangélicas ligados ao Governo.

“A minha prioridade é atender, em primeiro lugar, os municípios que mais precisam e, em segundo lugar, atender a todos aqueles que são amigos do pastor Gilmar”, disse o Milton Ribeiro, segundo a gravação divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo.

O ex-ministro da Educação afirmou, na gravação, que a prioridade ao pastor “foi um pedido especial feito pelo Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro”, mas depois acabaria por desmentir esta declaração.

Por seu lado, o Estadão noticiou que exemplares da Bíblia com fotografias do ex-ministro da Educação e de dois pastores evangélicos investigados por ‘lobby’ foram distribuídos num evento organizado pelo Governo brasileiro.

Outros ‘media’ locais como o jornal O Globo investigaram o caso e publicaram relatos de prefeitos brasileiros que disseram ter recebido pedidos de suborno dos pastores na forma da compra de livros e dinheiro para igrejas em troca da atribuição de verbas públicas do Ministério da Educação destinadas à construção de escolas.

Na operação de hoje estão a ser cumpridos 13 mandados de busca e apreensão e cinco de prisão nos Estados de Goiás, São Paulo, Pará, além do Distrito Federal. Outas medidas cautelares diversas, como proibição de contactos entre os investigados e envolvidos, também foram efectuadas.

Segundo a autoridade policial, a investigação iniciou-se com a autorização do Supremo Tribunal Federal, devido ao foro privilegiado de um dos investigados.

As ordens judiciais foram emitidas pela 15.ª Vara Federal Criminal da Secção Judiciária do Distrito Federal.

Revista Destemidos.