Três meses depois da data habitual, o título da 65ª edição da corrida São Silvestre é disputado hoje, às 18h00, por dois mil atletas em ambos os sexos, numa distância de dez quilómetros, com início no Largo da Mutamba e chega­da no Estádio dos Coqueiros.

Fundistas discutem título da 65ª edição fora de época

Fundistas quenianos, moçambicanos, gambianos e congoleses conferem o carácter internacional à prova. Com seis décadas de história, a corrida tornou-se tradicional nas ruas de Luanda e a população local tem a oportunidade de ver correr os me­lhores da praça e alguns estrangeiros, que por esta via dão outra competiti­vidade a competição.

A subida do túnel do Prenda é o ponto crucial da São Silvestre, onde os pulmões são postos à prova e começam a ser constituídos os distintos pelotões.  A partir da rua da Missão, no sentido descendente, a lufada de ar fresco permite aos corredores absorver mais oxigênio e imprimir outra velocidade.

Ontem, na reunião técnica realizada na sede da Federação, os juízes e cronometristas abordaram aquilo que será a sua actuação antes, durante e depois da corrida. A última vistoria, realizada quinta-feira, validou o percurso.

Distante dos tempos áureos, em que grandes nomes do atletismo internacional abrilhantavam a corrida, destaque para o eritreu Zersenay Tadese, com o melhor registo (27minutos e 44 se­gundos) e os etíopes Atsedu Tesfaye (27:47), Tilahun Re­gassa (27:50), Asmeraw Bekele (27:53) e Haile Grebelassie (28:53), a presente edição vê-se privada dos atletas mais conceituados.

A ausência dos corredores de elite pode ser um elemento motivador para os nacionais, que pretendem a todo custo integrar a lista dos vencedores da São Silvestre.

Na presente edição, o elenco federativo encabeçado por Bernardo João vai atribuir ao  vencedor três mil dólares ou o equivalente em kwanzas.

A São Silvestre começa no Largo da Mutamba, passando pelas avenidas Amílcar Cabral, Revolução de Outubro, Ho Chi Min, Alameda Manuel Van-Dúnem, Largo do Kinaxixi, Rua da Missão, Avenida 4 de Fevereiro, Largo do Baleizão, Rua Francisco das Necessidades e termina no Estádio Municipal dos Coqueiros.

O “meeting” internacional “Demósthenes de Almeida” é disputado no dia 2 de Janeiro, no Estádio Municipal dos Coqueiros.

História da corrida

A São Silvestre começou a ser disputada em 1954, apenas com carácter nacional. O primeiro triunfo coube a Isidro Louro, em representação do Clube Atlético de Luanda.

Posteriormente, António Esperança venceu nas edições de 1957 a 1960.

Na edição de 1964, figuras de destaque do atletismo mundial foram convidadas a participar, dando início à internacionalização da corrida. Naquela fase, o moçambicano António Repinga foi o primeiro estrangeiro a vencer a São Silvestre de Luanda.

A partir de 1985 a corrida passou a designar-se Demósthenes de Almeida, em memória de um dos maiores impulsionadores do atletismo nacional. Em 2002, a prova voltou a de­nominar-se São Silvestre.

O recorde da conquista de títulos é repartido entre o angolano António Esperança e o etíope Berhanu Giurma, com quatro troféus cada um. Na lista estão também Isidoro Louro e Fanye Vanzyl, com três cada.

 João Ntyamba, Aurélio Mity e Ana Isabel são os únicos angolanos vencedores da corrida no pós-independência. A Etiópia é o país com mais títulos conquistados, no total de 20. Angola somou 15, Portugal conta com seis, África do Sul, Zimbabwe e Quénia, cada com quatro, estão nos lugares imediatos.

A participação feminina teve início na década de 80. Com dez títulos, a Etiópia lidera o ranking, seguida pelo Quénia com menos um. Portugal (oito), Zimbabwe (três) e Angola (um) ocupam os lugares seguintes.

A corrida já teve vários percursos, uns mais curtos e outros mais longos. Nas primeiras edições, a prova esteve restrita a baixa de Luanda. Depois da Independência Nacional, a corrida aproximou-se da periferia.

Nos finais dos anos 90 e princípios de 2000, a corrida chegou mais perto dos subúrbios e passou a terminar no Estádio Nacional da Cidadela, passando pelas ruas Lueji a Nkonda, Ngola Kiluange, Soba Mandume e da Brigada.

Revista Destemidos