Temores de oferta em meio à possibilidade de proibição do petróleo russo pelos EUA e aliados impulsionam cotações. O Brent chegou a US$ 139,13 por barril no último domingo, e analistas do JP Morgan disseram que valor pode subir para US$ 185 ainda em 2022

Bomba de petróleo na Bacia Permian, em Loving County (Texas)

Os preços do petróleo atingiram o nível mais alto desde 2008 devido a atrasos no potencial retorno do petróleo iraniano aos mercados globais e a considerações dos Estados Unidos e aliados europeus de proibir importações de petróleo russo.

As negociações para reviver o acordo nuclear de 2015 do Irã com as potências mundiais estavam emaranhadas em incertezas no último domingo (6), após as exigências da Rússia por uma garantia americana de que as sanções que enfrenta pelo conflito na Ucrânia não prejudicarão seu comércio com Teerã. A China também levantou novas demandas, segundo fontes.

Em resposta às exigências da Rússia, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse no domingo que as sanções impostas à Rússia pela invasão da Ucrânia não têm nada a ver com um possível acordo nuclear com o Irã.

Enquanto isso, os Estados Unidos e aliados europeus estão explorando a proibição de importações de petróleo russo, disse Blinken no domingo, e a Casa Branca coordenou com os principais comitês do Congresso avançando com sua própria proibição.

O Brent subiu US$ 11,67, ou 9,9%, para US$ 129,78 por barril às 20h50 (horário de Brasília), enquanto o petróleo bruto WTI dos EUA subiu US$ 10,83, ou 9,4%, para US$ 126,51, colocando ambos os contratos no caminho certo para seus maiores ganhos percentuais diários desde maio de 2020.

Nos primeiros minutos de negociação no domingo, ambos os benchmarks subiram para o nível mais alto desde julho de 2008, com o Brent em US$ 139,13 por barril e o WTI em US$ 130,50.

Ambos os contratos atingiram o ponto mais alto em julho de 2008, com o Brent em US$ 147,50 o barril e o WTI em US$ 147,27.

“O Irã era o único fator de baixa real que pairava sobre o mercado, mas se agora o acordo iraniano atrasar, poderemos chegar ao fundo dos tanques muito mais rápido, especialmente se os barris russos permanecerem fora do mercado por muito tempo”, disse Amrita Sen, cofundadora da Aspectos Energéticos, um grupo que analisa o mercado.

Analistas do JP Morgan disseram na última semana que o petróleo pode subir para US$ 185 por barril este ano.

“A ideia era de não sancionar petróleo e gás por causa de sua natureza essencial, mas o petróleo está sendo sancionado por atores privados que não querem buscá-lo ou portos que não querem recebê-lo. Quanto mais isso durar, mais cadeias de suprimentos serão sufocadas”, disse Daniel Yergin, autor e vice-presidente da S&P Global.

A Rússia exporta cerca de 7 milhões de bdp e produtos refinados, o equivalente a 7% da oferta global. Alguns volumes das exportações de petróleo do Cazaquistão dos portos russos também enfrentaram complicações.

Analistas do Bank of America disseram que, se a maioria das exportações de petróleo da Rússia for cortada, pode haver um déficit de 5 milhões de barris ou mais, e isso significa que os preços do petróleo podem dobrar de US$ 100 para US$ 200 o barril.

O Irã levará vários meses para restaurar os fluxos de petróleo, mesmo que chegue a um acordo nuclear, disseram analistas.

O Eurasia Group disse que novas demandas russas podem atrapalhar as negociações nucleares, embora ainda mantenha as chances de um acordo em 70%.

“A Rússia pode pretender usar o Irã como uma rota para contornar as sanções ocidentais. Uma garantia por escrito permitindo que a Rússia faça isso provavelmente está muito além do que Washington pode oferecer no meio de uma guerra em grande escala na Ucrânia”, disse Henry, da Eurásia.

Também apoiando os preços do petróleo, o fechamento dos campos petrolíferos El Feel e Sharara, na Líbia, resultou na perda de 330.000 barris por dia (bpd), disse a National Oil Corporation no domingo. A Líbia, membro da Opep, produziu cerca de 1,2 milhão de bpd de petróleo em 2021, segundo dados de energia dos EUA.

Nos Estados Unidos, entretanto, o preço médio de um galão de gasolina atingiu US$ 4,009 no domingo, segundo a AAA, uma associação automobilística, o mais alto desde o final de julho de 2008. Os consumidores estão pagando 40 centavos a mais do que há uma semana e 57 centavos há mais de um mês.

AAA, que tem dados desde 2000, disse que os preços da gasolina nos EUA na bomba subiram para um recorde de US$ 4,114 em 17 de julho de 2008.

Autoridades de alto escalão dos EUA viajaram à Venezuela no sábado para conversar com o governo do presidente Nicolás Maduro, buscando determinar se Caracas está preparada para se distanciar da Rússia, aliada próxima.

Fonte: CNN Brasil

Revista Destemidos