O Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Joe Biden, anunciou ontem, em Washington, que instituições do seu país vão disponibilizar 15 mil milhões de dólares em novos projectos que, a longo prazo, servirão para melhorar a vida da população do continente africano.

15/12/2022  11H35

Chefe de Estado Joe Biden garante mobilização de financiamento de projectos no encerramento da Cimeira com África

Ao discursar no encerramento do Fórum Económico EUA-África, Joe Biden disse estarem já disponíveis 500 milhões de dólares da Corporação Financeira de Desenvolvimento Internacional dos EUA, dos quais 370 milhões para novos projectos, 100 milhões para aumentar o acesso à energia limpa e confiável para milhões de consumidores na África Subsariana, 20 milhões para financiar fertilizantes, principalmente para pequenos agricultores e mulheres agricultoras, 10 milhões para apoiar pequenas e médias empresas e ajudar no fornecimento de água potável.

Além destas verbas, o Presidente Joe Biden anunciou, igualmente, outro montante, na ordem de 350 milhões de dólares, virado para a transformação digital do continente, bem como a facilitação de mais 450 milhões de financiamento como um todo, incluindo colaboração com instituições como a Microsoft, dando acesso a 5 milhões de africanos, como parte do compromisso daquela multinacional de chegar a 100 milhões de pessoas até 2025.

Esclareceu que esta iniciativa tem como objectivo treinar os empresários africanos e construir as habilidades necessárias para que comecem novos negócios e, com isso, garantam bons empregos. “Isso incluirá parcerias entre empresas americanas e africanas, para que o ambiente digital seja confiável e seguro”, frisou Biden.

Na sequência dos anúncios dos apoios financeiros para África, Joe Biden adiantou, ainda, 800 milhões de dólares destinados a novos contratos com países africanos, um bilião de dólares para expandir as operações no continente, inclusive mais serviços de telemóveis para empresas pequenas e de médio porte, 80 milhões de dólares para melhorar os serviços de saúde e acesso aos equipamentos de primeira linha.

“Tudo isso significa 15 mil milhões de dólares em novos negócios que melhorarão a vida das pessoas no continente”, destacou o Presidente norte-americano, para quem são investimentos a longo prazo, que trarão benefícios às populações, com destaque para bons empregos.

“Os negócios que fechamos são a prova do nosso comprometimento de Go-verno a Governo, empre-sas a empresas, povo para povo”, frisou.

Biden referiu que o mundo está confrontado com muitos desafios, como pandemia, guerras, desafios económicos, lutas contra os preços dos alimentos e alterações climáticas, o que aumenta e destaca o papel das nações africanas na busca de soluções para estes desafios.

“Não podemos resolver estes desafios sem a liderança africana. Quando a África for bem-sucedida, ganha não só os EUA como o próprio mundo”, ressaltou. Biden disse que os Estados Unidos estão comprometidos em apoiar cada aspecto do crescimento inclusivo de África, criando um melhor ambiente para o envolvimento comercial sustentado entre os EUA e África e as suas empresas. O Presidente dos EUA fez saber que o seu país assinou um memorando de entendimento com a nova Zona de Comércio Livre Continental Africana, garantindo que este passo vai trazer novas oportunidades em comércio e em investimento com África.

“É uma imensa oportunidade para o futuro de África”, garantiu Biden, adiantando ser intenção do seu país construir um futuro de oportunidade em que ninguém fique para trás. “Estamos a investir para facilitar o melhor comércio regional dentro de África, investindo em infra-estruturas”, frisou o Chefe de Estado norte-americano, para quem o objectivo é ajudar o continente africano a ter infra-estruturas confiáveis, para apoiar cadeias de abastecimento seguras e resilientes e, deste modo, ter economias fortes, capazes de enfrentar os choques vividos nos últimos anos.

  Antony Blinken defende aumento das importações e exportações

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, afirmou, ontem, em Washington, que se se conseguir aumentar as importações e exportações em apenas 1 por cento, será gerada uma receita adicional de 34 mil milhões de dólares para África e 25 mil milhões para os Estados Unidos e, como resultado, seriam criados mais de 250 mil empregos bem remunerados.

O chefe da diplomacia americana, que falava no Fórum de Negócios realizado à margem da Cimeira Estados Unidos-África, referiu que, no ano passado, o comércio bilateral de bens e serviços entre as nações africanas e os Estados Unidos totalizou mais de 80 mil milhões de dólares, sustentando centenas de milhares de empregos.

“Os nossos laços comerciais e de investimento também ajudaram a progredir em nossas prioridades compartilhadas, em desafios globais, desde a insegurança alimentar até à saúde global”, acrescentou. Como exemplo de investimento americano em África, Antony Blinken citou o trabalho que está a ser desenvolvido no norte da Nigéria por uma pequena empresa, a John Deere, que produz equipamento para a agricultura.

Além do equipamento, nos últimos anos, a John Deere forneceu treinamento agrícola e educação de jovens para pequenos agricultores, para que possam aplicar técnicas agrícolas novas e mais eficazes. “Estamos a ver o fruto desse tipo de parceria, (pois) em algumas áreas, a produção agrícola aumentou 20 por cento”, referiu Blinken.

Citou ainda o caso da Pfizer, outra grande empresa dos EUA que, ao lado da empresa de biotecnologia alemã BioNTech, concordou em fabricar sua vacina contra a Covid-19 por meio do The Biovac Institute, uma em-presa biofarmacêutica sul-africana. “A Biovac, em breve, terá capacidade para produzir, anualmente, mais de 100 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 nas suas instalações, na Cidade do Cabo”, anunciou.

Antony Blinken garantiu que os Estados Unidos vão intensificar a diplomacia económica. Informou que se está a trabalhar com o Conselho Empresarial para o Entendimento Internacional no sentido de aprimorar as habilidades das embaixadas americanas a identificarem parceiros locais adequados e avaliarem as condições de investimento no local.

“Para nós, ter essa presença diplomática em todo o mundo e em praticamente todas as partes da África também é um activo crítico e único para encontrar maneiras de fortalecer as relações comerciais e de investimento entre nossos países, para realmente ajudar a identificar oportunidades para os negócios americanos e, como resultado, oportunidades para a África”, disse.

Blinken prometeu, igualmente, o apoio da Administração norte-americana na canalização de mais investimentos do sector privado dos EUA para as vastas indústrias em crescimento nas nações africanas, inclusive em energia limpa, saúde e sectores digitais.

REVISTA DESTEMIDOS.