Os agricultores da província do Bié vão pagar, durante quatro anos, perto de 400 milhões de kwanzas pelas 33 viaturas e mil motorizadas que receberam do Executivo angolano, para materializar o processo de escoamento da produção resultante da safra agrícola para os principais centros de consumo do país.

15/12/2022   10H35

Viaturas perfiladas para a entrega aos respectivos beneficiários, que deverão reembolsar em cada mês um valor de Kz 200 mil

O Executivo angolano iniciou, em Agosto, a distribuição de 500 veículos, entre camiões e carrinhas de marcas diversas, para apoiar os operadores agrícolas do país no processo escoamento de mercadorias para as principais regiões de consumo do país, sendo que 33 produtores da província do Bié foram abrangidos pela afectação estatal e vão pagar em quatro anos, o valor de 316 milhões e 800 mil kwanzas, pelas viaturas, e 83 milhões e 200 mil pelas motorizadas.

“É um processo amplo que agora iniciou e que prevê a distribuição de três mil camiões e carrinhas por camponeses e associações de cooperativas agrícolas em todo o país. O Bié foi contemplado, nesta primeira fase, com 33 meios, mas futuramente pode chegar aos 500 veículos, por estar entre as províncias que mais contribui para a cadeia produtiva nacional”, explica o secretário de Estado do Comércio.

Amadeu Nunes disse que o valor de cada viatura, entregue pelo Estado a título de consignação, ronda os 50 milhões de kwanzas, mas o Executivo decidiu subvencionar o valor, sendo que cada produtor ou cooperativa de camponeses contemplados terá que pagar até final do processo, um total de 9,6 milhões de kwanzas ao Estado, mediante parcelas mensais de 200 mil.

Motorizadas

Para o mesmo plano de apoio aos produtores agrícolas da província do Bié, no processo de escoamento de produtos do campo para os centros urbanos, o Executivo distribuiu aos camponeses e cooperativas não contempladas com viaturas, mil motorizadas de três rodas, para apoiar o processo de escoamento da sua produção.

Amadeu Nunes assegurou a essa franja de camponeses, que o Executivo tem planificado no programa de distribuição – que ronda as três mil viaturas, a afectação de mais quinhentas aos produtores da província, tendo em atenção a importância que a Região do Planalto do Bié tem na cadeia produtiva nacional, em que contribui com mais de milhão de toneladas de alimentos por ano.

“O Bié é das três províncias que mais contribui para a cadeia alimentar do país, com uma média de um milhão e duzentas mil toneladas de alimentos anuais. Por tal facto, o Executivo entende que a atenção a prestar aos produtores desta Região do Planalto do Bié, deve ser diferente”, disse.

Actualmente, de acordo com dados avançados pelo secretário de Estado do Co-mércio, mais de 90 por cento dos produtos alimentares consumidos pelos angola-nos provêm do campo, em particular da agricultura familiar, o que, segundo ele, justifica os investimentos feitos pelo Executivo no processo produtivo.

Produtores satisfeitos

A entrega de viaturas e motorizadas para apoio à actividade do campo, demonstra o comprometimento que o Executivo tem com a franja camponesa, como reconhece a maior parte dos produtores da região.

Florenci Nanchimela, proprietária da fazenda com mes-

mo nome na localidade de Chimuanga, município do Cuito, foi contemplada com um camião de marca Kamaz, com capacidade para transportar até 10 toneladas de mercadoria, e algumas motorizadas de três rodas.

Detentora de um espaço produtivo de 930 hectares, Florenci Nanchimela usa apenas 70 para as actividades agrícolas, porque teme que, se aumentar o espaço produtivo, pode depois não ter como escoar produção para as regiões de consumo, como as do Litoral e Leste do país.

“Trata-se de um novo tempo para o nosso sistema produtivo. Antigamente havia o receio de produzir em grandes quantidades porque não tínhamos para onde vender, já que as vias de acesso entre os nossos locais de produção e os grandes centros urbanos, continuam a ser um problema. A entrega destes meios, ainda que em número reduzido, contribuirá fortemente para um melhor desempenho da nossa parte”, diz a camponesa satisfeita.

Virada actualmente para a produção de grãos e cereais, uma das principais apostas no Executivo para assegurar uma cadeia alimentar robusta, Florenci Nanchimela, que anteriormente produzia perto de 80 toneladas de alimentos diversos por ano, almeja, como a chegada dos meios de transporte que recebeu atingir as 900 toneladas, com incremento da produção de milho, soja, trigo e feijão, sem descorar a já tradicional produção da batata-rena, alho e outras hortícolas.

“Estávamos com uma produção agrícola em torno das 80 toneladas, quantidades fixadas por receio dos produtos se estragarem no nosso espaço. Com a compra facilitada pelo Estado, do camião e das motorizadas, levar-nos-á também a aumentar o nosso campo produtivo em mais de 900 toneladas de alimentos diversos e escoar os mesmos, preferencialmente para a Região Leste e Norte do país, onde temos um bom mercado de consumidores”, diz confiante. Sobre a modalidade de pagamento dos meios que recebeu do Estado, Florenci Nanchimela considera ser das melhores, pois entende que por serem subvencionados, ajudará na altura de amortizar as contas.

“Entendo que os meios não nos foram dados de presente. Por isso tenho de estar preparada para cumprir com as prestações a pagar regularmente ao Estado, para que, no fim do processo daqui a quatro anos, esteja tudo salvaguardado”.

Empregabilidade

A vice-governadora do Bié para o sector Político, Social e Económico, Alcida de Jesus Camateli, referiu, no acto de entrega dos novos meios de transporte à comunidade camponesa da província, que o plano do Executivo de apoio ao escoamento da produção do campo, tem um efeito multiplicador na geração de emprego para a camada juvenil da província.

Alcida de Jesus Camateli, disse ao Jornal de Angola, que as viaturas e motorizadas entregues à comunidade camponesa vai seguramente estimular a produção local e proporcionar vários postos de trabalho directos e indirectos.

“São postos de trabalho a serem criados no ramo de operadores dos meios agora entregues e também nos campos agrícolas, porque na perspectiva de alargar a produção, será necessário seguramente mais pessoas para participarem directamente no processo produtivo”, disse a governante.

Aos produtores, Alcida de Jesus Camateli diz que espera um desempenho fundamental que confiram razões ao Executivo para continuidade do programa e, consequentemente, o aumento das rendas para as famílias que habitam o meio rural.

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