Revista Destemidos

(ANGOLA) Lunda-Sul prepara arranque do ano agrícola.

16/10/2022 05H17

Famílias envolvidas prometem gerar óptimos resultados

A campanha agrícola 2022/2023 na província da Lunda-Sul arranca lá para o final deste ano e prevê o envolvimento de cerca de 52.300 famílias camponesas, para uma expectativa de colheita acima 398.840 toneladas de alimentos diversos, numa área total de cultivo estimada em 78.450 hectares.

Os dados foram avançados ao Jornal de Angola pelo director do Gabinete Provincial da Agricultura, Nelson Senguitlai.

Conforme explicou, a fase preliminar da campanha permitiu distribuir 135 toneladas de sementes de arroz, 120 de milho, 70 de adubo composto (12-24-12), 15 de adubos simples e 20 toneladas de feijão e massambala, repartidas de forma equitativa aos produtores.

A estratégia de aprovisionamento de insumos gizada pelo sector potenciou a cadeia produtiva com 100 bombas a pedal, para irrigação dos campos plantados, 50 semeadores manuais e 15 moageiras para o processamento do milho.

Referiu que os números suplantam as estatísticas do período passado (2021/2022) em que o sector, com base nas condições disponíveis, engajou  numa área de 76 mil e 124 hectares preparados, cerca de 47 mil e 600 famílias, sem avançar cifras de colheitas alcançadas.

Em relação ao cultivo do arroz ressalta que existe vontade por parte dos produtores, em todos os municípios, com chamas que perfazem uma área global de 38 mil hectares. Destes, a comuna de Cassai-Sul, no município de Muconda, conta com uma área desactivada de dez mil hectares, na localidade de Phemba.

Na conjuntura vigente, a produção de arroz é feita no sistema manual, sem uso de adubos químicos. Para a campanha à espreita, o sector da agricultura criou equipas de supervisão preparadas para monitorizar a acção dos camponeses durante as distintas fases do ciclo vegetativo.

Nelson Senguitlai, encara  a aposta na produção de cereais uma via importante para  vulgarizar o seu cultivo e atrair investimentos para a industrialização, sobretudo do milho, feijão, trigo e soja.

Nota que o potencial em solos, cursos de água e alguma experiência de antigos produtores favorecem o relançamento,   inicialmente sob a forma de ensaios, que em todos os municípios despontam com resultados encorajadores.

Para o  ano agrícola  em preparação as apostas entrosam com o plano nacional para a produção do grão, para afastar o velho mito segundo o qual “a Lunda-Sul não produz”.

Segundo o agrónomo, a província deve precisa ganhar visibilidade e funcionar como uma porta aberta ao empreendedorismo, “não apenas para os mais velhos e jovens”, a fim de banir a dependência na importação de produtos, ou mercado fértil para a compra de bens “idos do litoral”.

Reconhece  que os hábitos alimentares tornam a mandioca numa cultura de eleição. O combate à virose, ou “vírus do mosaico” que infecta os mandiocais é a maior preocupação dos produtores.

Senguitlai entende que a introdução descuidada de estacas contaminadas, favorecem a disseminação da doença nos campos plantados, enquanto tarda   a realização de estudos para combater a desgraça que empobrece as famílias.

Fruto de apostas implementadas em prol da produção diversificada, o milho, batata-doce e o feijão despontam na lista, onde as hortaliças aparecem com índices tímidos de colheita, devido à alta de preços das sementes,” praticados pelos fornecedores”.

Entre as iniciativas em curso para inverter o quadro, o gestor do sector  agrário, anuncia a abertura de uma loja nos próximos dias, para facilitar a “compra de insumos a  preços ao alcance de todos os bolsos”.

Wessue ku tuli (estamos em todo o lado).

Com as prateleiras preenchidas com latas contendo sementes de repolho, quiabo, tomate, cebola, cenoura e outras hortícolas, enxadas catanas, a loja “Wessue ku tuli”, que significa estamos em todo o lado, na língua local (fiote), desempenha a função de principal fornecedor de produtos para os camponeses.

Com a  lata de semente de cebola a ser comercializada ao preço de Kz 8.000,  o repolho a 5.500,  a cenoura a 6.500, o balconista Jesus Rodrigues considera que os preços são ligeiramente baixos, comparados com os que outros estabelecimentos na urbe, para os mesmos produtos. Nota que “somos a loja que fornece outros agentes e até o mercado informal”. A necessidade de colmatar o défice de sementes hortícolas de qualidade, adquirida na região Sul do país justificou a abertura da Wessue ku  Tuli, para vulgarizar a produção e assegurar as necessidades de consumo do mercado da província.

Helena Jay, ganha o pão vendendo unidades de sementes ou porções destas.

Os adubos e fertilizantes funcionam como isca para atrair o interesse do cliente ávido pelo rendimento do que propõe lançar no solo, predominantemente ácido.

Algum conselho temperado com sorriso funciona como empurrão para o comprador “levar” os dois produtos, obtido o consenso sobre os preços.

Diversidade de Mona Quimbundo

Nelso Senguitlai, lembra que os tanques instalados no campo experimental de Mona Quimbundo, há mais de 50 quilómetros da cidade de Saurimo, visam, essencialmente, reproduzir a tilápia.

Contrariamente do que muitos pensam, “Mona Quimbundo” não é centro para a captura e comercialização de peixe. É um centro de multiplicação para posterior distribuição aos criadores segue, com avanços traduzidos na existência de 50 tanques activos, contra dez, geridos, no início do projecto largamente comparticipado pela Sociedade Mineira de Catoca SMC.

A produção de peixe em tanques atrai a participação de agentes privados e dezenas de cooperativas, envolvendo mais de 50  mil famílias, expectáveis na obtenção de rendimentos que despontam com capturas razoáveis em função das condições criadas.

Senguitlai explica que as rupturas de “stock” de ração, no passado constrangem as metas traçadas. Por via de uma comunicação antecipada, Catoca realiza a compra do quantidades necessárias para um período definido a fim de  evitar a ruptura  de  “stock”.

Revista Destemidos.

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