29/07/2022 10H03

As empresas públicas e as do Sector Empresarial Público (SEP) apresentaram, pela primeira vez, nos últimos três anos, resultados líquidos positivos de 1,7 mil milhões de kwanzas.

Estes números contrariam os mais de três mil milhões negativos do ano passado, segundo dados do Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE) referente ao agregado de 69 empresas que apresentaram os relatórios e contas.

O lucro antes dos impostos (EBITDA) do Sector Empresarial Público (SEP) ficou, em 2021, estimado em 2,2 biliões de kwanzas.

O presidente do Conselho de Administração do Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE), Patrício Vilar, disse, no final do Encontro do Sector Empresarial Público, onde foi apresentado o balanço das refor-

mas em curso, que se mantém o objectivo principal reduzir a presença do Estado nas estruturas das empresas e consequentemente a sua intervenção na economia.

Patrício Vilar reconheceu que não obstante os resultados apontarem para uma retoma do sector empresarial público, ainda  persistem determinadas variáveis que precisam de ser melhoradas. Uma delas é a existência de um passivo excessivo susceptível de trazer, em si, algum risco fiscal, razão pela qual se faz necessário trabalhar em conjunto no sentido de minimizar estes riscos.

O PCA do IGAPE frisou que o maior passivo foi apresentado, por sinal, pela empresa  que obteve o maior resultado líquido (Sonangol), algo que considera de ” normal que assim seja, na medida em que sempre que existir uma  empresa  eficiente do ponto de vista económico e tenha um passivo, não representa grande preocupação”.

“Devemos ficar preocupado apenas quando  nós tivermos diante de empresas com passivos elevados e que não sejam eficientes do ponto de vista económico. Felizmente, não temos situações tão gravosas isoladamente, mas temos no conjunto, motivo pelo qual  precisamos de utilizar instrumentos que nos permitam, não só monitorar, como também corrigir ao longo de todo ano”, disse

Só olhar para os indicadores financeiros, de acordo com o responsável, não nos permite aferir o risco, pois é necessário também prestar atenção para indicadores operacionais que permitam ver se o desempenho das empresas em termos comerciais e económicos  oferece-nos ou não algumas ameaças por formas a ultrapassá-las em conjunto.

“Os números nos demonstram que a pior fase foi ultrapassada, mas é necessário melhorar as ferramentas de gestão e a eficiência da nossa gestão. É nesta conformidade que foi aprovado o Roteiro de Reforma do Sector Empresarial Público, em virtude da necessidade de se implementar melhorias do ponto de vista estrutural”.

Entre as inovações do Roteiro de Reforma, Patrício Vilar atribui destaque ao facto de prever a transformação da maioria das empresas públicas em sociedades anónimas, com diferentes modelos  de governança, de gestão e outras exigências em termos de recrutamento e  selecção de gestores.

“É importante que se mude o paradigma daquilo que é a gestão das empresas do Sector Empresarial Público. Não podemos nos esquecer que, embora sejam empresas públicas, muitas delas concorrem em igualdade de circunstâncias com empresas privadas, pelo que devem ter as mesmas armas e as mesmas defesas”, avançou.

Outro problema  apresentado pelo responsável tem a ver com a representatividade do género feminino no sector empresarial público, numa altura em que, segundo afirmou, ” as mulheres só representam 26 por cento da força de trabalho”. É urgente  mudar este paradigma, encontrar ferramentas ou modelos que permitam acelerar este processo de integração, tal como alguns sectores  como a Agricultura, produção de sal em que temos maioritariamente mulheres”.

Por: Hélder Jeremias

Revista Destemidos.