05/06/2022 23H39

Presidente do MPLA voltou a defender uma maior aposta na mulher angolana em todos os sectores

© Fotografia por: Contreiras Pipa |Edições Novembro | Mbanza Kongo

O presidente do MPLA reafirmou, este sábado, a obrigação de todos os partidos políticos, sem excepção, fazerem tudo para credibilizar as eleições de 24 de Agosto.

João Lourenço, que falava em acto de massas, na cidade de Mbanza Kongo, província do Zaire, condenou, igualmente, as acções levadas a cabo pelos adversários políticos que visam descredibilizar as eleições gerais que o país vai organizar este ano. 

“Nós sabemos que há quem esteja a fazer precisamente o contrário. Alguém que, sendo angolano, procura descredibilizar e manchar as eleições do seu próprio país”, denunciou, referindo que este comportamento não faz sentido, na medida em que estes mesmos partidos fazem parte da Assembleia, órgão que aprova as leis, e da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), onde os partidos políticos com assento parlamentar estão presentes.

Referiu que o correcto seria que todos os partidos políticos e outras instituições, chamadas a trabalhar para o sucesso dessas eleições, fizessem tudo no sentido de as credibilizar. “As eleições não são apenas para um partido e sim para todos os partidos e para todo o povo angolano”, acentuou.

João Lourenço apelou, igualmente, a todos os partidos políticos a assumirem o verdadeiro papel de educadores, de pacificadores e a trabalharem não apenas com os seus militantes e membros, mas com todo o povo, pelo facto de não serem só estes que vão às urnas.

Disse que é obrigação de todos os partidos concorrentes a essas eleições trabalhar para que decorram dentro do maior civismo possível, onde cada um deverá procurar, com o programa, convencer o eleitorado de que é melhor para governar o país nos próximos cinco anos.

“Têm que ser os próprios partidos políticos a desencorajar qualquer tipo de violência, intolerância política. Essa responsabilidade é nossa. Não devemos deixar que as coisas aconteçam para depois chamar a Polícia para impor a ordem”, exortou.

Aposta na mulher

O Presidente do MPLA voltou a defender, ontem, uma maior aposta na mulher angolana, em todos os sectores do país, como reconhecimento das competências adquiridas e demonstradas. 

Discursando num acto político de massas no Largo Dr. António Agostinho Neto para mais de 100 mil pessoas, entre militantes, amigos e simpatizantes do partido, referiu que a mulher angolana já demonstrou que é capaz e útil em qualquer lugar da sociedade.

“Se tem capacidade igual ou superior a do homem, por que razão é preterida? É injustiça! E nós não queremos praticar injustiça, mas sim ser justo”, destacou o líder do MPLA, lembrando que a mulher angolana já foi muito discriminada no tempo colonial, com o argumento de que só devia aprender culinária e corte e costura, em detrimento do homem que podiam ir à escola.

“Vamos continuar a pensar assim? A mulher já provou que é capaz de fazer tudo que os homens fazem. Aliás, a mulher até faz algo que nós, os homens, não fazemos, que é gerar vida”, salientou. João Lourenço referiu que é por essa razão que o MPLA introduziu, pela primeira vez na história do país, o conceito de paridade de género.

“O MPLA é um partido que sempre fez a aposta muito séria em duas importantes franjas da nossa população, nomeadamente na mulher e nos jovens”, frisou, apresentando como exemplos mais recentes o equilíbrio de género conseguido dentro do Comité Central e na lista de candidatos do partido à Assembleia Nacional para o período 2022/2027.

“Entendemos que, quer o homem, quer a mulher, são todos seres humanos que merecem o mesmo respeito e a mesma dignidade, sobretudo, as mesmas oportunidades na vida”, ressaltou, salientando que a aposta nessa franja da população angolana que, de acordo com o último Censo são a maioria, está a permitir a presença de mulheres em sectores antes dominados, maioritariamente, por homens, como em Aviação, Mecânica, além do aparelho do Estado, onde vão aparecer em maior número, para fazer paridade com os homens, caso o MPLA vença as eleições.

Destacou, igualmente, a presença de uma mulher à frente da vice-presidência do MPLA, no caso Luísa Damião, como mais um indicador do valor que o partido dá a elas na sociedade angolana. “Então, se um dos maiores partidos políticos do continente africano tem uma mulher vice-presidente, Angola não pode ter, também, uma Vice-Presidente da República? Pode, sim senhora!”, aflorou João Lourenço, para quem o país pode, no futuro, vir a ter uma Presidente da República.

“Estamos a caminhar para aí e a consolidar, pouco a pouco, a influência da mulher, não só no nosso partido, mas na sociedade angolana, porque sabemos que ela é capaz e, por ser capaz, não pode ser discriminada”, frisou.

Fábrica de fertilizantes

O presidente do MPLA anunciou a construção, na província do Zaire, da primeira fábrica de fertilizantes do país, cuja pedra para o início vai ser lançada ainda este mês. Disse que vai ser uma grande fábrica de fertilizantes para resolver, em parte, a falta do produto no país, algo que acontece já no mercado internacional, como consequência do conflito entre Rússia e Ucrânia.

“E quando não há fertilizantes não há comida. Menos fertilizantes significa menos alimentos, porque a produção agrícola, em grande escala, exige a utilização de fertilizantes em grande quantidade”, esclareceu, acrescentado que o país não é, até agora, produtor de fertilizantes.

Centralidades

João Lourenço anunciou, também, a construção das primeiras duas centralidades na província do Zaire, sendo uma na cidade de Mbanza Kongo e outra no Soyo, com 1 500 habitações cada. Avançou, igualmente, a construção de um Instituto Superior Politécnico.

O presidente do MPLA prometeu, ainda, o melhoramento de algumas vias de comunicação da província, que têm causado muitas dificuldades aos automobilistas, com destaque para o troço Mbanza Kongo/Madimba, Nzeto/Soyo e da conclusão da ponte sobre o Rio Mbridge, vulgarmente conhecida como Ponte dos Mangais.

Novo aeroporto

O presidente do MPLA manifestou o desejo de ver o novo aeroporto de Mbanza Kongo concluído e aberto ao tráfego internacional a partir de 2024, tendo prometido que vai acompanhar as obras de perto. “Tenho pressa em ver este sonho realizado”, destacou, referindo que o mesmo vai dignificar a importância internacional que a cidade tem.

João Lourenço disse que a ideia, ao construir-se este aeroporto, é permitir que os cidadãos do mundo visitem a cidade de Mbanza Kongo, sempre que quiserem, sem precisar passar por Luanda. “Que possam voar de qualquer parte do mundo directamente para este aeroporto”, realçou o líder partidário, acrescentando que o novo aeroporto vai impulsionar o turismo cultural na província.

Por: César Esteves | Em Mbanza Congo.

Revista Destemidos.