O Comité de Política Monetária (CPM) do Banco Nacional de Angola (BNA), que se reuniu pela primeira vez fora de Luanda, na cidade do Lubango, província da Huíla, baixou o coeficiente das reservas obrigatórias dos bancos comerciais em moeda nacional, de 22 para 19 por cento, este mês, e até 17 por cento em Julho.

02/06/2022 07H40

Base Monetária em moeda nacional (Kwanza) manteve-se estável no mês de Abril, mas contraiu em 6,39 por cento, em termos homólogos

No final da 105ª sessão ordinária do CPM, o governador do banco central, José de Lima  Massano, garantiu que a instituição decidiu pela redução dos níveis de imobilização financeira, iniciando, assim, um processo gradual de redução do coeficiente das reservas obrigatórias em moeda nacional em cinco pontos percentuais, até Julho do corrente ano.

Do mesmo modo, o CPM decidiu pela manutenção do coeficiente das reservas obrigatórias em moeda estrangeira em 22 por cento, da taxa básica de juro (Taxa BNA) em 20 por cento, bem como a de Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez em 25 por cento e de Absorção de Liquidez em 15 por cento.

José de Lima Massano, que falava numa conferência de imprensa, disse que os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) atestam uma desaceleração da inflação em 0,44 pontos percentuais no mês de Abril, cuja taxa mensal, a nível nacional, se situou em 1,12 por cento, sendo este um nível baixo, desde Julho de 2019.

Já na província de Luanda, afirmou, a inflação mensal se fixou em 0,97 por cento, representando a taxa mais baixa desde Maio de 2015. “A inflação homóloga nacional atingiu 25,79 por cento, uma redução de 1,21 pontos percentuais face ao mês anterior, impulsionada pelo decréscimo da contribuição da larga maioria das classes que compõem o IPCN, com realce para a classe de alimentação e bebidas não alcoólicas”, disse.

Argumentou que o indicador de expectativa da inflação para a província de Luanda, medido mensalmente pelo BNA, com base em um inquérito, apresentou-se alinhado à tendência decrescente da inflação homóloga. “No mês de Abril, o mercado teve uma expectativa de 27,61 por cento e, nos próximos dois meses, os agentes económicos prevêem a manutenção do abrandamento do ritmo de crescimento dos preços”, ressaltou.

José de Lima Massano disse que a Base Monetária em moeda nacional se manteve estável no mês de Abril, mas contraiu em 6,39 por cento, em termos homólogos. O Agregado Monetário (M2) em moeda nacional expandiu 4,97 por cento no período em referência e 16,23 por cento em termos homólogos.

Revelou que o stock total de crédito à economia nacional registou uma expansão de 1,59 por cento em Abril, tendo atingido 4,04 biliões de kwanzas, o que levou a uma expansão de 10,93 por cento em termos homólogos.

Em relação ao mercado cambial, anunciou que foram transaccionados 1,08 mil milhões de dólares, facto que representou um aumento de 14,20 por cento, comparativamente aos 944,10 milhões feitos no mês de Março. “A moeda nacional manteve a tendência de apreciação face ao dólar norte-americano, tanto em termos reais como nominais, reflexo da melhoria dos termos de troca”, referiu.

Segundo o governador do BNA, no mês de Abril a taxa de câmbio situou-se em 405,62 kwanzas por cada dólar, contra os 446,44 kwanzas do mês anterior, o que representou uma apreciação mensal de 10,06 por cento e acumulada no ano de 36,82 por cento.

“Os dados preliminares da Balança de Pagamentos indicam que, no final de Abril de 2022, a conta de bens terá registado um superávit acumulado de 11,59 mil milhões de dólares norte-americanos, representando um aumento de 87,94 por cento, comparativamente a igual período de 2021, fixado em 6,17 mil milhões de dólares, reflexo do aumento do valor das exportações em 65,61 por cento, superior ao aumento de 25,40 por cento ocorrido nas importações”, revelou.

Em finais de Abril, o stock das Reservas Internacionais situou-se em 15,34 mil milhões de dólares, acima dos 14,40 mil milhões contabilizados em Março, o que corresponde a uma cobertura de 10,10 meses de importações de bens e serviço. 

Economia mundial marcada pela tensão geopolítica no Leste europeus.

José de Lima Massano disse que o Comité de Política Monetária continua a acompanhar, com a devida atenção, os desenvolvimentos recentes da economia mundial, marcada pelo agravamento da tensão geopolítica no Leste da Europa, cujos efeitos evidenciam-se no aumento dos preços das matérias-primas, sobretudo energéticas e agrícolas.

Disse que o Fundo Monetário Internacional (FMI) procedeu à revisão em baixa da taxa de crescimento da economia mundial para 3,6 por cento, em 2022, e prognosticou também o mesmo nível de crescimento para 2023. “Estas novas projecções reflectem o aumento de novos casos de Covid-19 em alguns países, com destaque a China, e as tensões entre a Rússia e a Ucrânia, que estão a afectar, em larga escala, o comércio, o mercado das matérias-primas e o intercâmbio financeiro.

Segundo o governador, o Índice de Preços dos Alimentos da FAO fixou-se em 158,5 pontos em Abril, ligeiramente abaixo do valor observado em Março, com menos 1,2 pontos, acima do registado nos últimos tempos, em 36,4 pontos, o que representa um aumento de aproximadamente 30 por cento. “O comportamento mensal do índice resultou na redução dos preços do óleo vegetal e dos cereais”, sublinhou.

Qualificou que a subida dos preços das matérias-primas agravou as pressões inflacionistas que a economia mundial vem enfrentando desde o ano transacto, onde, nos Estados Unidos, a taxa de inflação homóloga fixou-se em 8,3 por cento em Abril, um nível mais alto dos últimos 40 anos, uma tendência que também foi observada na Zona Euro, cuja taxa de inflação situou-se em 7,4 por cento.

Revista Destemidos.