No dia a dia, é muito comum ouvir os nomes Grã-Bretanha, Inglaterra e Reino Unido sendo usados como sinônimos, mas eles não são! As questões políticas e territoriais que definem cada um desses conceitos são complexas, mas é muito importante que você consiga entendê-las. Por isso, nós separamos uma explicação completa. Let’s go

Grã-Bretanha 

bandeira antiga da Grã-Bretanha, usada até 1801. 

Ao falar de Grã-Bretanha, estamos nos referindo ao território físico da maior das Ilhas Britânicas, conjunto formado por aproximadamente 6.000 ilhas, localizado ao norte da França. A região compreende três países: Escócia (Scotland), Inglaterra (England) e País de Gales (Wales). Próximo à Grã-Bretanha, encontra-se a ilha da Irlanda, segunda maior da região. 

Inglaterra 

atual bandeira da Inglaterra. 

A Inglaterra é um Estado soberano que faz parte do Reino Unido. Localiza-se majoritariamente na ilha da Grã-Bretanha e seu território é formado por uma área de pouco mais de 130 mil quilômetros quadrados. Ao norte, faz fronteira com a Escócia, e a sudoeste, com o País de Gales. O idioma oficial é o inglês, e a capital administrativa é Londres. 

Reino Unido

bandeira atual do Reino Unido.

As definições de Grã-Bretanha, Inglaterra e Reino Unido parecem confusas porque estão inseridas em uma configuração política e social já não muito comum no nosso tempo: a monarquia. Logo, para ajudar a entender exatamente o que é o Reino Unido, vamos voltar um pouco no tempo e explicar o processo de formação do território:

História 

Até o século XI, o local onde hoje está a Inglaterra era dividido em uma série de reinos. A unificação só foi feita por Guilherme, o Conquistador, no ano de 1066. O modelo de governo estabelecido foi a monarquia, que perdeu o poder absoluto no século XIII, com a assinatura da Magna Carta – documento que proibiu o rei de tomar decisões sozinho – e a criação do Parlamento. 

Em 1707, a Inglaterra e a Escócia assinaram o acordo de união entre os dois territórios, colocando um Parlamento único para ambas as nações. Já em 1801, a Irlanda também se junta aos dois e cria um reino comum com o nome montado pela junção das duas ilhas: o Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda

No início do século XX, parte da Irlanda entra no processo de independência, com o objetivo de estabelecer um governo livre com sede em Dublin. Somente em 1945 a república é oficialmente reconhecida e a Irlanda deixa de fazer parte do Reino Unido. Somente a parte norte do território continua pertencente ao reino unificado, que muda o nome para Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte

O Reino Unido atualmente 

O Reino Unido se refere à união de quatro reinos: Inglaterra (England), País de Gales (Wales), Escócia (Scotland) e Irlanda do Norte (North Ireland). O modelo político é a monarquia parlamentarista, em que o Chefe de Estado é o monarca, atualmente representado pela Rainha Elizabeth II. A liderança política é exercida pelo Primeiro-Ministro – atualmente na figura de Theresa May, a líder do Governo de Sua Majestade (ou Her Majesty’s Government, em inglês). Ela também é responsável por nomear os outros ministros do governo. 

O poder legislativo é formado pela House of Commons (Casa dos Comuns) e pela House of the Lords (Casa dos Lordes), que constituem o Parlamento de representantes eleitos por voto popular e com sede em Londres. 

As decisões principais – relacionadas ao modelo econômico e à política externa, por exemplo – são válidas para todas as quatro nações que compõem o Reino Unido. Cada país possui seus órgãos responsáveis pela administração local – National Assembly for Wales no País de Gales, Northern Ireland Assembly na Irlanda do Norte, e Scottish Parliament na Escócia. Esses locais tratam de questões regionais relacionadas a cultura, educação, saúde, meio ambiente e transporte. 

Veja o território dos países que compõem o Reino Unido:

A Coroa Britânica 

A Coroa Britânica, ou The Crown em inglês, como o próprio site do Parlamento explica, “é outro jeito de se referir à monarquia – parte mais antiga do sistema de governo desse país.” Ao longo dos séculos, os britânicos conquistaram uma série de colônias que ficaram ou ainda estão subordinadas à Coroa. Veja:

Comunidade das Nações

A Comunidade das Nações, The Commonwealth em inglês, engloba 53 países que já foram territórios britânicos e hoje são nações independentes. Os membros da organização reconhecem a Coroa Britânica como um símbolo do Estado, mas possuem total autonomia em sua soberania nacional. Dentre eles, temos Canadá, Camarões, África do Sul, Índia, Austrália e Nova Zelândia, por exemplo. 

Dependências da Coroa Britânica

De acordo com o portal on-line da Coroa Britânica, British Dependencies, são 3 as ilhas que pertencem ao Reino Unido, mas não fazem parte dele. São as Ilhas do Canal (dois bailiados, de Jersey e de Guernsey) e a Ilha de Man. Cada um desses territórios tem autonomia de decidir questões regionais relacionadas à saúde ou ao transporte, por exemplo. Porém, a defesa militar e a política externa ficam a cargo do governo britânico. 

Territórios Britânicos Ultramarinos 

Há 14 territórios não independentes que ainda fazem parte do governo da Coroa Britânica. Entre eles, temos Anguilla, Ilhas Cayman e Ilhas Falkland. Esses locais estão sob jurisdição e soberania do Reino Unido, e os seus cidadãos são considerados britânicos ultramarinos. 

Inglês, bretão ou britânico? 

Para te ajudar a não se esquecer das delimitações de cada um dos conceitos, nós utilizaremos um exemplo. Veja os gentílicos cabíveis a um cidadão que nasce atualmente em cada um dos territórios:

É inglês?É bretão?É britânico?Outra denominação
Nasceu na Irlandanãonãonãoirlandês
Nasceu na Irlanda do Nortenãonãosimirlandês
Nasceu na Escócianãosimsimescocês
Nasceu na Inglaterrasimsimsim
Nasceu no País de Galesnãosimsimgalês

Por ser a maior nação em questões territoriais e econômicas, a Inglaterra acaba recebendo mais notoriedade dentro do Reino Unido, também geralmente confundido com a Grã-Bretanha. Porém, o reino unificado engloba países muito diversos, como a Escócia e a Irlanda, por exemplo, onde as questões nacionalistas trazem discussões pertinentes sobre a real abrangência cultural e política do Reino Unido. 

Revista Destemidos.