Doze investidores, entre operadores turísticos e fornecedores de serviços internacionais, manifestaram interesse em investir na Área Transfronteiriça de Conservação do Okavango/Zambeze (ATFC-KAZA) na componente angolana, para alavancar o desenvolvimento do ecoturismo na circunscrição.

O director-geral do no Pólo de Desenvolvimento da Bacia do Okavango, João Baptista Gime Sebastião, disse ao Jornal de Angola que os potenciais investidores (operadores turísticos e fornecedores de serviços) são da Namíbia, Nigéria, África do Sul, Botswana, Zâmbia e, também, agentes europeus que interagem, frequentemente, com as estruturas angolanas, para conhecimento profundo sobre as potencialidades turísticas que o país oferece, para implementar projectos em breve.

João Baptista Gime Sebastião explicou que os homens de negócios ainda não avançaram as propostas concretas, para a estruturação das intenções, porém, apesar da pouca informação que possuem sobre a potencialidade turística do Cuando Cubango, através da carência de operadores turísticos no país, garantem que, a curto prazo, deslocar-se-ão ao interior angolano para constatar a realidade.

“Vários empresários africanos e europeus têm manifestado o interesse em investir na parte angolana do ATFC-KAZA, mas as vias de acesso e a falta de segurança nos parques nacionais de Mavinga e Luengue-Luiana está a dificultar a deslocação dos interessados às zonas onde está projectada a iniciativa transfronteiriça”, disse.

O responsável disse que os projectos a implementar carecem de investimentos e operadores de turismo, para que os turistas tenham noção das potencialidades que Angola possui, em particular a província do Cuando Cubango.

“Cuando Cubango é a terra do desenvolvimento do ecoturismo, pelas suas valências naturais e culturais, mas, por falta de vias de acesso para atingir-se as áreas onde está a ser implementado o projecto KAZA, achamos o ‘calcanhar de Aquiles’ na divulgação das potencialidades”, disse.

Ainda assim, fez saber que Angola tem exercido grande esforço para a divulgação das suas potencialidades turísticas, razão pela qual, num convénio com a National Geographic (NaGeo), lançou-se a 10 deste mês o filme intitulado “Okavango”, onde são ilustradas as potencialidades do rio Cuando, desde a sua nascente até ao afluente, no município do Rivungo, visando atrair investidores.

Acordos para a difusão do filme “Okavango” foram assinados, sendo um com a companhia de bandeira TAAG e outro com uma entidade que deve divulgar a fita nos cinemas, para que as pessoas conheçam as potencialidades dos rios Cuito, Cuando e Cubango, este último que sustenta a bacia do Delta do Okavango, no Botswana.

No ano passado a parte angolana do ATFC-KAZA recebeu do banco alemão KWF cerca de 413 mil euros, cujo financiamento foi destinado a projectos para as comunidades, através do impacto negativo que a pandemia da Covid-19 causou e para a potencialização dos fiscais ambientais destacados nos parques nacionais de Mavinga e Luengue-Luiana.

“Foram adquiridos medicamentos, alimentos, “in puts” agrícolas, meios e instrumentos de trabalho e material higiénico sanitário para as comunidades, bem como equipamento de trabalho para os fiscais ambientais das zonas de conservação animal e, dada assistência técnica às viaturas que suportam os trabalhos dos fiscais”, indicou.

A Área Transfronteiriça de Conservação do Kavango/-Zambeze é o maior destino ecoturístico do mundo, ligando 36 áreas de conservação de cinco países membros, mormente Angola, Zimbabwe, Botswana, Namíbia e Zâmbia, naquela que é a maior reserva de água doce do universo à superfície e que “esconde” a maior população contígua de elefantes, de cerca de 250 mil cabeças, mais de 600 espécies de aves, 128 variedades de répteis, 50 de anfíbios e diversos tipos de invertebrados, entre outras espécies animais em via de extinção.

Revista Destemidos