O enviado da ONU para o Médio Oriente, Tor Wennesland, condenou, sexta-feira(13), Israel por ter aprovado a construção de mais de quatro mil novas casas em colonatos ilegais na Cisjordânia ocupada.
“A contínua expansão dos colonatos fortalece ainda mais a ocupação, invade terras e recursos naturais palestinianos e dificulta a livre circulação da população palestiniana”, disse Tor Wennesland, citado em comunicado.
O representante das Nações Unidas lembrou que “todos os colonatos são ilegais sob o direito internacional e constituem um grande obstáculo à paz”.
Por esta razão, Tor Wennesland pediu às autoridades israelitas que parem com a sua expansão e deixem de lado esse tipo de “acções unilaterais e provocativas que alimentam a instabilidade e minam as perspectivas de estabelecer um Estado palestiniano viável e contíguo” a Israel.
A criação desse Estado palestiniano está no centro da solução de dois Estados que a ONU defende como a melhor fórmula para acabar com o conflito no Médio Oriente, mas as negociações estão paradas há anos.
Para a comunidade internacional, todos os colonatos no território ocupado por Israel desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967, são considerados ilegais.
Israel aprovou, quinta-feira, a construção de mais de quatro mil casas de colonos na Cisjordânia ocupada, anunciou um grupo de direitos humanos israelita.
Este será o maior avanço dos projectos de colonatos desde a posse do Governo do Presidente norte-americano, Joe Biden, sabendo-se que os EUA se opõem à construção destes colonatos, alegando que constituem um obstáculo a um acordo de paz com os palestinianos.
Hagit Ofran, activista contra os colonatos e membro da organização Peace Now, diz que um órgão de planeamento militar aprovou 4.427 unidades habitacionais.
A aprovação deste projecto acontece um dia depois de os militares israelitas terem demolido pelo menos 18 edifícios e estruturas na Cisjordânia ocupada, após uma decisão do Supremo Tribunal que forçou cerca de mil palestinianos a sair de uma área que Israel designou como “zona de combate”.
O B’Tselem, outro grupo de defesa de direitos humanos israelita, disse em comunicado que a Polícia de Fronteira destruiu um total de 18 estruturas, incluindo 12 edifícios residenciais, em aldeias nas colinas ao Sul da cidade de Hebron, na Cisjordânia.
Na semana passada, o Supremo Tribunal de Israel confirmou uma ordem de expulsão que retira moradores de um aglomerado de comunidades beduínas em Masafer Yatta, onde vivem há décadas.
Israel capturou a Cisjordânia durante o conflito de 1967, tendo aí construído mais de 130 colonatos em todo o território, abrigando cerca de 500 mil colonos.
Quase três milhões de palestinianos vivem na Cisjordânia sob o regime militar israelita. Os palestinianos defendem que a Cisjordânia deve formar a parte principal de um futuro Estado, considerando os colonatos como um obstáculo a qualquer futuro acordo de paz, recordando que eles são ilegais à luz do direito internacional.
Confrontos com a Polícia causam 13 feridos
Pelo menos 13 palestinianos ficaram feridos, ontem, em confrontos com as forças de segurança israelitas no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia, segundo fontes palestinianas.
O balanço anterior feito pela agência de notícias palestiniana Wafa indicava que um palestiniano havia sido ferido a tiro.
Os confrontos com os habitantes do campo de refugiados começaram quando os soldados israelitas cercaram uma casa, segundo a agência de notícias Wafa, sem precisar a quem pertencia a moradia.
A casa havia sido alvo de mísseis teleguiados, que provocaram um incêndio, de acordo com a mesma fonte.
Um espesso fumo preto subia da casa, observou um jornalista da agência de notícias France Press (AFP), que relatou um forte tiroteio entre soldados israelitas e palestinianos.
Dois palestinianos feridos por tiros, um no abdómen e outro no peito, foram hospitalizados na cidade de Jenin, no Norte da Cisjordânia, em estado grave, segundo o Ministério da Saúde palestiniano.
Onze outras pessoas feridas foram hospitalizadas, de acordo com o Ministério palestiniano. Um outro palestiniano também foi detido pelas forças israelitas no campo de refugiados, segundo a agência de notícias Wafa.
Na quarta-feira, Shireen Abu Akleh – jornalista de 51 anos, com dupla nacionalidade – palestiniana e norte-americana -, foi morta com um tiro na cabeça em Jenin, enquanto fazia a cobertura de uma operação militar israelita na Cisjordânia, envergando um colete e capacete identificados com a palavra “Press”.
Revista destemidos.