A prosperidade de uma sociedade depende, em larga medida, da riqueza dos indivíduos que a compõem, pelo que a literacia financeira constitui, assim, um dos pilares fundamentais para um desenvolvimento harmonioso e sustentado.

A literacia financeira, desempenha um papel extremamente importante no dia a dia de todos nós, independentemente da idade, profissão ou estatuto social. Podemos mesmo afirmar, que a prosperidade e o equilíbrio de uma sociedade correspondem ao grau de literacia financeira dos seus cidadãos. É, por isso, fundamental entender conceitos como os de dívida, poupança, orçamento ou investimento. Os riscos do incumprimento e para o planeamento da reforma, são algumas das razões que explicam a proliferação de programas de educação financeira.

O principal objectivo deste artigo investigativo, foi precisamente, compreender o que é a literacia financeira, como a promover e porque se defende a sua importância dentro de uma sociedade.

É neste processo de aprendizagem abrangente que surge a literacia. A palavra “literacia” tem origem no latim littĕram e define-se como a capacidade de ler e escrever; alfabetismo. Porto Editora (2006).

A literacia financeira está relacionada com a forma como lidamos com as finanças no nosso dia a dia, está competência não diz respeito apenas ao controlo dos gastos, visto que envolve também a elaboração do orçamento familiar, investimentos e aplicações, isto é, tudo que nos pode proporcionar estabilidade financeira no presente e no futuro.

Compreender a dimensão e valor do dinheiro e transações, compreender a finalidade do dinheiro; guardar dinheiro, atribuir valor ao dinheiro; bem como, planear e gerir finanças monitorizar e controlar rendimentos e despesas; utilizar rendimentos ou outros recursos a curto ou a longo prazo para melhorar o bem-estar financeiro.

Segundo a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) 2019, a literacia financeira é o processo mediante o qual os indivíduos e as sociedades melhoram a sua compreensão em relação aos conceitos e produtos financeiros, de maneira que, com informação, formação e orientação, possam desenvolver os valores e as competências necessários para se tornarem mais conscientes das oportunidades e riscos neles envolvidos e, então, poderem fazer escolhas bem informadas, adotar acções com a finalidade de melhorar o bem-estar financeiro da sociedade e de viabilizar a participação na vida económica.

A análise efectuada das estratégias de literacia financeira para região da África Subsaariana, comparativamente com Angola, aponta para um grau de literacia financeira baixo, visível do simples facto de muitos não entenderem o conceito de literacia financeira e o seu propósito e importância. Os baixos níveis de literacia financeira de um país podem debilitar a sua economia e a sua coesão social.

Já (COHEN, 2007), considera a literacia financeira como uma das estratégias de promoção ao consumo sustentável para as sociedades modernas.

O estudo alerta ainda para a existência de algumas limitações que comprometem a efectividade da educação financeira. Contudo, defende-se que todo o tipo de iniciativas que promovam a melhoria da literacia financeira, constituem uma mais-valia para os consumidores.

O Instituto Nacional de Estatística (INE), em parceria com o Banco Nacional de Angola (BNA), deram início ao inquérito sobre literacia financeira (ILF), uma iniciativa Segundo o INE, que está a ser conduzido por 160 agentes de campo previamente treinados, dentre os quais 24 supervisores de campo, 24 cartógrafos, 24 motoristas, 88 inquiridores distribuídos em 24 equipas para as 18 províncias. O inquérito irá disponibilizar dados estatísticos para o desenvolvimento do observatório de inclusão financeira, que comporta o cálculo do índice de literacia financeira (INLF), índice de inclusão financeira (IIF) e a taxa de bancarização de Angola. (Site BNA, 2022)

O plano de acção e implementação deve evidenciar os modelos baseados em agentes para expandir o alcance para áreas rurais e com baixa cobertura de informação e promover serviços financeiros diversificados virados para as necessidades específicas da população em áreas com baixa cobertura de serviços financeiros.

Tendo em conta está preocupação, as autoridades de supervisão financeira no âmbito das suas actividades, temos visto o BNA a efectuar esforços e elaborar iniciativas de divulgação de informação e formação financeira, incluindo o fortalecimento do Programa Nacional de Educação Financeira, que integra educação financeira maior aproximação entre os cidadãos e o sistema financeiro formal, bem como, escolas, praças públicas onde as crianças e jovens adquirem a capacidade de elaborar e gerir o orçamento familiar bem como, programas a nível internacional como “GLOBAL MONEY WEEK”, mas também a difusão de mensagens através de estações públicas de rádio, televisão, portais de informação e redes sociais, por forma a alcançar uma parte significativa da população e incrementar o índice de literacia e capacidade financeira da população.

Estudantes suázis participando de um programa da Global Money Week

Por ser uma competência tão útil, é fundamental a inclusão da disciplina no plano curricular de ensino primário e secundário, pois elucida questões importantes com as quais a criança ou o adolescente lidará durante a vida adulta, está medida irá gerar poupança e gerar dinheiro e conforto no domínio do orçamento; taxas de juros; crédito e impostos.

Na nova era digital, é fundamental a formação da digitalização das pessoas, ter capacidade de fazer o uso das plataformas digitais torna-se fundamental, aceder a uma conta bancária e quaisquer outros serviços de pagamento electrónico, uma inclusão financeira mais ampla, a nova era das tecnologias nos aproximam da literacia financeira. O acesso financeiro facilita a vida quotidiana e ajuda as famílias e empresas a planear tudo, desde metas de longo prazo até emergências inesperadas. Com está acção, teremos acesso a serviços financeiros como, crédito, seguro, e investir em educação ou saúde.

Neste sentido, é importante a dinamização de iniciativas que sejam espaços de reflexão e partilha de conhecimentos sobre a actualidade do mundo económico, financeiro e tecnológico e que procurem envolver e consciencializar os cidadãos para estes temas. A responsabilidade de elevar o nível de literacia financeira é de todos nós, políticos, instituições de ensino, comunicação social, empresas e família.

Por: Estêvão Arsénio dos Santos, Docente Universitário

Revista Destemidos