Ter um serviço de internet mais televisão em casa é considerado um luxo em Angola. O preço custa cinco vezes mais comparado com Portugal e Brasil, por exemplo. De acordo com os cálculos feitos pelo jornal Expansão na sua edição de sexta-feira, 01 de Abril.

Para usufruir de um serviço da Zap fibra, pacote Super 100 Mb, com direito a internet com uma velocidade de 100 Mbps, tráfico ilimitado e 120 canais de televisão, o consumidor tem de pagar 131.900 Kz mensais (294,4 USD), enquanto no Brasil, a operadora Claro TV cobra 16.915 KZ(37,7 USD) por um serviço de internet com velocidade de 250 Mbps, um tráfico de mil GB e 123 canais televisivos. A análise feita pelo Expansão baseou-se nos preços disponíveis nos sites das operadoras, dos mais barato para o mais caro.

Em Angola, apenas 4% da população é capaz de pagar um GB de dados por mês, segundo o estudo da União Africana e da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), estando muito abaixo da média de 17% do continente, um indicador preocupante, tendo em conta que o acesso às tecnologias de comunicação dependem, em parte, de preços acessíveis.

A manutenção e o investimento para manter as infraestruturas a funcionar são apontadas como as principais causas do elevado preço da internet no País. Especialistas defendem a partilha de infraestruturas entre os operadores, medidas de alívio fiscal e subvenção do Estado podem contribuir para baixar os preços.

Segundo o PCA da Angola Cables, Mota de Carvalho, o preço da internet está associado ao serviço de manutenção, mas a situação será atenua com a entrada de mais cabos submarinos em África. “Os serviços são caros porque os nossos fornecedores e parceiros que mantém os cabos operacionais cobram-nos também muito caro, aqui em África”.

Acrescentou que o preço elevado da internet no País está equiparado aos preços de outros países em África, por isso o Facebook e o Google estão com visão apontada para o continente. “Temos tido muitas reuniões com o Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social para ver a possibilidade de o Estado subvencionar um pouco a internet no nosso País. Em alguns países onde a internet é barata o Estado comparticipa“, ressaltou.

Para o PCA da Angola Cables, o peso do preço pode ser uma questão de tempo. Nota que faz parte da estratégia do Ministério das Finanças baixar os preços da internet. Quanto às operadoras, os preços que praticam têm a ver com as infraestruturas, sendo que estas empresas não dependem da electricidade, nem da água do Estado. “As empresas operam todas com geradores, e isso custa muito dinheiro. Ter os melhores técnicos também requer pagar bem. Vamos esperar por dias melhores”, disse, sublinhando também a importância de as operadoras que actuam no mercado nacional apostarem mais na partilha de infraestrutura, já existe uma lei, para minimizar custos.

Revista Destemidos