A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu “cautela”, numa altura em que muitos países africanos estão a eliminar ou a baixar a gravidade de algumas das suas medidas de prevenção contra a Covid-19.

“Durante mais de dois anos, a pandemia tem tido um domínio doloroso sobre as nossas vidas e o imperativo para os países de reavivar economias e meios de subsistência é compreensível. Mas a pandemia ainda não acabou”, advertiu a directora africana da OMS, Matshidiso Moeti, numa declaração.

“As medidas preventivas devem ser cuidadosamente escalonadas e as autoridades sanitárias devem pesar os riscos em relação aos benefícios esperados”, acrescentou.

Se, há um ano, 41 países em África proibiam as reuniões de massas, este número foi agora reduzido para 22, segundo a Organização Mundial da Saúde. Além disso, embora 43 países mantenham o uso de máscaras faciais, quatro deles flexibilizaram a exigência.

De acordo com a OMS, o levantamento ou ajustamento destas normas deve ser acompanhado por “sistemas de monitorização das tendências de infecção” capazes de responder rapidamente ao aparecimento de novas variantes de preocupação.

“É preocupante que quase metade de todos os países em África tenham deixado de rastrear os casos de contacto”, lamentou Moeti.

“Sem esta informação, é difícil acompanhar a propagação do vírus e identificar novos focos de Covid-19 que possam ter origem em variantes conhecidas ou ainda por emergir”, comentou ainda.

Além disso, a directora da OMS para o continente africano lamentou o baixo número de testes para detectar a presença do coronavírus SARS-CoV-2 que África está a realizar – apenas 27% dos países atingiram a meta semanal recomendada pela OMS de pelo menos 10 testes por cada 10.000 habitantes no primeiro trimestre deste ano.

No primeiro trimestre do ano passado, no entanto, 40% das nações africanas haviam atingido ou ultrapassado essa meta. Por outro lado, o número de africanos totalmente vacinados contra o coronavírus permanece demasiado baixo, tendo menos de 16% da população total do continente sido imunizada, advertiu a OMS.

A este respeito, o director dos Centros Africanos de Controlo e Prevenção de Doenças (Africa CDC, uma agência da União Africana), John Nkengasong, recomendou “tirar partido” da recente queda no número de infecções por coronavírus para relançar a campanha de vacinação.

“O vírus ainda está aqui, apesar de termos assistido a uma diminuição do número de casos. Só podemos erradicá-la, vacinando pelo menos 70 por cento da população africana”, disse, quinta-feira, Nkengasong, durante uma conferência de imprensa online.

Embora o número de casos relatados de coronavírus em África tenha diminuído 25% nas últimas quatro semanas, “ainda é necessário ser cauteloso”, afirmou.

Até à data, o continente registou um pouco mais de 11,3 milhões de casos de Covid-19, dos quais mais de 250.800 resultaram em mortes.

Revista Destemidos